Poema de Natal
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
(Vinícius de Moraes)
(in:"Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 147.)
Que o Natal seja mais um momento
em que as pessoas acreditem
que vale a pena viver um Ano Novo.
Beijos,
Margareth
1 Comentários:
"Uma vida sem amigos é como viver numa ilha deserta, sem água, sem alimentos, sem luz."Feliz natal |beijo|vandinha
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